quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Cinzento

(hoje sinto-me melancólica)

Poeiras de crepúsculos cinzentos.
Lindas rendas velhinhas, em pedaços,
Prendem-se aos meus cabelos, aos meus braços,
Como brancos fantasmas, sonolentos...

Monges soturnos deslizando lentos,
Devagarinho, em misteriosos passos...
Perde-se a luz em lânguidos cansaços...
Ergue-se a minha cruz dos desalentos!

Poeiras de crepúsculos tristonhos,
Lembram-me o fumo leve dos meus sonhos,
A névoa das saudades que deixaste!

Hora em que teu olhar me deslumbrou...
Hora em que a tua boca me beijou...
Hora em que fumo e névoa te tornaste...
Florbela Espanca

1 comentário:

Anónimo disse...

Melancolia dos velhos tempos senti eu no domingo, depois dos Leões se terem amansado contrariando a lei da selva, mas como a Florbela não dissertou sobre o tema de uma forma poética, não posso partilhar nada de tão belo. Apenas desejar que esse cinzento se transforme em verde esperança.