(hoje sinto-me melancólica)
Poeiras de crepúsculos cinzentos.
Poeiras de crepúsculos cinzentos.
Lindas rendas velhinhas, em pedaços,
Prendem-se aos meus cabelos, aos meus braços,
Como brancos fantasmas, sonolentos...
Monges soturnos deslizando lentos,
Devagarinho, em misteriosos passos...
Perde-se a luz em lânguidos cansaços...
Ergue-se a minha cruz dos desalentos!
Poeiras de crepúsculos tristonhos,
Lembram-me o fumo leve dos meus sonhos,
A névoa das saudades que deixaste!
Hora em que teu olhar me deslumbrou...
Hora em que a tua boca me beijou...
Hora em que fumo e névoa te tornaste...
Florbela Espanca
1 comentário:
Melancolia dos velhos tempos senti eu no domingo, depois dos Leões se terem amansado contrariando a lei da selva, mas como a Florbela não dissertou sobre o tema de uma forma poética, não posso partilhar nada de tão belo. Apenas desejar que esse cinzento se transforme em verde esperança.
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